Sandman e os Gatos dos Sonhos - Narrativa, REM Fásico e Zona 2
Sandman e os Gatos dos Sonhos - Narrativa, REM Fásico e Zona 2
Já sonhei com animais que falavam.
No silêncio da noite, ouvi histórias contadas por olhos de gato, cheias de sabedoria e advertência.
Em Sandman, os Gatos dos Sonhos revelam um mundo onde os felinos um dia dominaram a Terra — até que os humanos sonharam juntos em outra direção, mudando o curso da realidade.
Esse conto me faz pensar: os sonhos não são apenas imagens privadas, mas narrativas coletivas que podem reorganizar a forma como vivemos.
O Paradigma Original: Sonho como Narrativa Coletiva
Para os povos originários, sonhar era tecer narrativas de pertencimento.
Os sonhos não eram individuais, mas compartilhados em rituais, rodas e narrativas que guiavam decisões comunitárias.
Um sonho coletivo tinha poder de reorganizar o território, a caça, a guerra ou a paz.
Os gatos de Sandman evocam esse paradigma: quando todos sonham o mesmo sonho, a realidade pode mudar.
O avatar Math nos lembra: “Narrar em comum é o modo de transformar o real. O sonho é o ensaio do que podemos viver juntos.”
A Domesticação do Velho Mundo
O Velho Mundo reduziu o sonho a três domínios de domesticação:
A religião o transformou em profecia e dogma.
A ciência cartesiana o reduziu a ruído da mente.
O mercado o tornou mercadoria — a indústria dos desejos, do entretenimento, da publicidade.
Em Sandman, a fábula dos gatos denuncia esse processo: quando os humanos domesticaram o sonho coletivo, impuseram uma realidade onde apenas eles dominavam, apagando outras possibilidades de existência.
Ciência do Sono e Evidências
A narrativa dos gatos se conecta com o sono REM fásico, fase em que:
O cérebro apresenta picos de atividade intensa, com movimentos oculares rápidos (fásicos).
Essa ativação está ligada a sonhos vívidos, repletos de narrativas e imagens.
Pesquisas em neurociência mostram que o REM fásico tem papel crucial na integração emocional e narrativa, permitindo que experiências sejam encadeadas em histórias coerentes.
Assim como no conto de Sandman, o REM fásico é onde o cérebro inventa narrativas que reorganizam nossa visão de mundo.
Zona 1, Zona 2 e Zona 3
Zona 1: o sonho é visto como ilusão privada, sem efeito real.
Zona 2: o sonho é reconhecido como narrativa coletiva, capaz de orientar a vida.
Zona 3: o sonho é sequestrado por ideologias ou pelo mercado, imposto como produto ou dogma.
Os Gatos dos Sonhos nos recordam da potência da Zona 2: quando narramos juntos, podemos mudar a realidade compartilhada.
Síntese
O conto dos gatos em Sandman nos ensina que sonhar é mais do que escapar: é tecer narrativas que sustentam mundos.
Nos paradigmas originais, os sonhos eram guias coletivos.
No Velho Mundo, foram domesticados como dogma, ruído ou mercadoria.
Na ciência, o REM fásico mostra como o cérebro cria narrativas vívidas que integram emoção e memória.
Nos nossos conceitos, os sonhos só ganham potência na Zona 2, onde se tornam ensaios do real que podemos compartilhar.
Ou, como diz o avatar Math:
“Um sonho sozinho é lembrança. Muitos sonhos juntos são futuro.”
Referências sugeridas:
Graeber, D. & Wengrow, D. (2021). O Despertar de Tudo: Uma Nova História da Humanidade.
Hobson, J. A. & Pace-Schott, E. F. (2002). The cognitive neuroscience of sleep: Neuronal systems, consciousness and learning. Nature Reviews Neuroscience.
Nir, Y. & Tononi, G. (2010). Dreaming and the brain: from phenomenology to neurophysiology. Trends in Cognitive Sciences.
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