Jackson Cionek
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Quando a Percepção se Corrige por Dentro: Recorrência, Geometrias Visuais e o Hiperespaço da Consciência

Quando a Percepção se Corrige por Dentro: Recorrência, Geometrias Visuais e o Hiperespaço da Consciência

A partir de Xie et al. (2025), “Recurrence affects the geometry of visual representations across the ventral visual stream”


Introdução — Consciência Brain Bee em Primeira Pessoa

Às vezes percebo que vejo algo antes mesmo de entender o que estou vendo.
É como se o corpo já tivesse organizado uma forma, um contorno, uma direção —
e só depois a mente declarasse: “é isso”.

Essa diferença entre o que surge e o que eu interpreto sempre me chamou atenção.
O estudo sobre recorrência neural mostra exatamente isso:
percepção não é uma captura de imagem;
é um processo contínuo de reorganização interna.


O Estudo — O que significa “recorrência” no cérebro?

O trabalho de Xie et al. (2025) investigou a recorrência, um mecanismo neural em que áreas do córtex visual:

  • capturam um estímulo,

  • reenviam informações para níveis anteriores,

  • refinam a representação,

  • e reorganizam o significado ao longo de milissegundos.

Não é visão em linha reta.
É visão em espiral, retornando, corrigindo, recalibrando.

O estudo mostra que a geometria das representações visuais muda quando a recorrência entra em jogo:

  • imagens ficam mais separáveis,

  • o cérebro distingue melhor categorias,

  • ambiguidade diminui,

  • o percepto se estabiliza.

A visão não “aparece”; ela se constrói em ciclos.


Recorrência como Hiperespaço Mental em Ação

O Hiperespaço da Consciência, na sua formulação, é a região onde:

se reorganizam de forma não-linear.

A recorrência visual é a expressão neurofisiológica desse processo:

O cérebro não vê o mundo; ele simula o mundo e depois compara o mundo com sua própria simulação.

A cada retorno recorrente, a simulação melhora.


Eus Tensionais e a Forma que o Cérebro Produz

Quando olho algo, meu Eu Tensional do momento organiza:

  • o foco,

  • o alcance do campo visual,

  • o que priorizo,

  • o que ignoro.

A recorrência neural amplifica ou limita essa geometria interna.

Em estados tensos (Zona 3):

  • representações ficam rígidas,

  • menos recorrência,

  • menos refinamento,

  • mais distorção perceptiva.

Em estados de fruição (Zona 2):

  • representações ficam mais plásticas,

  • maior recorrência,

  • mais refinamento,

  • mais precisão perceptiva.

O estudo oferece uma evidência neurocientífica poderosa:

A qualidade da percepção depende da flexibilidade do Eu Tensional.


O Estudo Permite Mapear os Estados de Nosso Modelo:

  •  Zona 1 — Ação natural
    A visão ajusta-se automaticamente ao movimento e ao ambiente.
    A recorrência funciona como estabilizador perceptivo.

  •  Zona 2 — Abertura / Fruição
    A recorrência aumenta, o percepto se desdobra.
    O cérebro corrige detalhes, amplia distinções, melhora a interpretação.

  •  Zona 3 — Constrição / Saturação
    Menos ciclos recorrentes.
    Representações rígidas, visão literalizada, filtrada por ameaça.


Yãy Hã Miy (origem Maxakali): imitar a forma antes de entendê-la

A recorrência é o equivalente neural do processo Maxakali:

  • primeiro, o corpo imita

  • depois, ele ajusta

  • depois, ele reconhece

  • e só então, transforma

No Yãy Hã Miy:
imitamos para nos tornar capazes de perceber.

No córtex visual:
o cérebro imita internamente o estímulo para então reconhecê-lo.

A recorrência é a “imitação neural” do mundo.


QSH — Percepção como Consenso Interno

A recorrência cria um Quorum interno:

  • áreas iniciais votam na primeira impressão,

  • áreas posteriores revisam o voto,

  • a recorrência permite reavaliar,

  • o cérebro converge para um percepto final.

A percepção não é decisão de uma área;
é o consenso de várias áreas em diálogo.

Isso é Quorum Sensing Humano aplicado à visão.


Metabolismo Existencial — Ver é gastar energia para escolher uma forma

A recorrência gasta energia.
Por isso:

  • estados de baixa energia reduzem refinamento perceptivo,

  • estados de fruição ampliam o processamento recorrente,

  • estados de ameaça economizam energia cancelando correções.

Ver não é gratuito.
Ver exige metabolismo.


A Visão que se Corrige por Dentro

O estudo deixa claro:

  • não vemos o mundo como ele é,

  • não vemos o mundo como pensamos que vemos,

  • vemos o mundo como o corpo consegue processá-lo naquele momento.

Isso confirma nossa formulação:

A percepção não é fiel à realidade; ela é fiel ao corpo.

A recorrência é o mecanismo que ajusta essa fidelidade.


Conclusão — Recorrência e a Geometria da Consciência

A recorrência não é apenas um mecanismo visual.
Ela é um princípio da consciência:

  • o retorno,

  • a reavaliação,

  • a correção,

  • a reconstrução,

  • a transformação.

Perceber não é registrar o mundo;
é negociar com ele,
corrigir-se diante dele,
e reencontrar-se a partir dele.

O estudo mostra que a visão é um processo ativo, interno e corporal
e não um reflexo externo.

A recorrência é o que permite ao ser sentir o que vê,
e não apenas ver o que está lá.





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Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States