Jackson Cionek
39 Views

Realidade Mista e Decisão Como o cérebro avalia protótipos e mundos híbridos

Realidade Mista e Decisão

Como o cérebro avalia protótipos e mundos híbridos

(Consciência em Primeira Pessoa • Neurociência Decolonial • Brain Bee • O Sentir e Saber Taá)


O Sentir e Saber Taá

Eu seguro um objeto que existe e não existe.
Ele está na minha mão pela metade — parte física, parte digital, parte imaginada.
Meu corpo quer agarrá-lo; minha mente ainda não sabe se deve confiar.

O curioso é que eu sinto a decisão chegando antes de entendê-la:

  • um microajuste no punho,

  • uma contração no antebraço,

  • um foco repentino no olhar,

  • um deslocamento respiratório sutil.

É como se meu corpo julgasse o objeto primeiro —
e só depois minha mente criasse a narrativa:

“isso funciona”,
“isso não funciona”,
“isso me lembra algo verdadeiro”.

Esse fenômeno é o coração do estudo publicado em Journal of Cognitive Neuroscience (2025):

“Neural evaluation of mixed-reality prototypes during decision-making”
(busca: JOCN 2025 mixed reality decision evaluation fNIRS EEG)

O estudo pergunta:

Como o cérebro decide quando está diante de algo que é metade real, metade possibilidade?


1. O contexto: protótipos, decisão e mundos híbridos

O uso de realidade mista (MR) — combinação de ambiente real + elementos digitais interativos — já não é apenas uma questão tecnológica; é uma questão perceptiva e corporal.

Quando avaliamos algo que não existe “completamente”, o cérebro precisa:

  • prever,

  • simular,

  • comparar,

  • testar coerência,

  • projetar consequências.

Esses processos ativam consciência e corpo simultaneamente.


2. O método: fNIRS + EEG para capturar a decisão híbrida

(ICA, GLM, short-channels, FFT)

O estudo combina fNIRS pré-frontal e EEG para captar tanto:

  • a hemodinâmica lenta da decisão,

  • quanto a dinâmica rápida das oscilações corticais.

Pipeline técnico:

1. EEG com ICA e FFT

  • ICA remove artefatos musculares e oculomotores;

  • FFT identifica oscilações associadas à tomada de decisão (beta → escolha; theta → conflito).

2. fNIRS pré-frontal com GLM e short-channels

  • GLM detecta padrões hemodinâmicos de avaliação;

  • short-channels removem ruído extracortical;

  • análise de forma e amplitude da HRF.

3. Fusão multimodal EEG–fNIRS

  • Comparação temporal entre:

    • “pré-decisão elétrica” no EEG

    • e “decisão hemodinâmica” no fNIRS

4. Decoding neural

  • Modelos multivariados tentam prever:


    se o participante aceitará ou rejeitará o protótipo.


MR não é apenas tecnologia — é fisiologia.


3. Resultados: decidir em realidade mista é mais difícil do que parece

Os autores encontram três efeitos principais:

1. Pré-frontal trabalha mais

A hemodinâmica pré-frontal é maior quando o objeto é híbrido do que quando é totalmente real.

Isso sugere:

decidir sobre possibilidades exige mais energia do que decidir sobre objetos existentes.

2. Oscilações theta indicam incerteza

Quando o protótipo não parece confiável:

  • aumenta a banda theta (EEG), associada a conflito e monitoramento.

3. A decisão nasce antes da consciência

O EEG antecipa a escolha em cerca de 300–500 ms antes do relato consciente.

O corpo chega primeiro.
A narrativa chega depois.


4. Leitura com nossos conceitos

a) Taá — sentir antes de saber

A MR exige mais Taá porque:

  • não há referência 100% corporal,

  • o objeto é parcialmente imaginado,

  • o corpo precisa “iniciar uma simulação”.

Isso amplia a importância da primeira pessoa e do Corpo Território nos processos de design e inovação.

b) Eus Tensionais em mundos híbridos

Avaliar protótipos cria um Eu Tensonal de antecipação, marcado por:

  • hesitação,

  • micro-ajustes motores,

  • tensão interoceptiva.

Esse Eu é fisiologicamente mensurável tanto no EEG quanto no fNIRS.

c) Zona 2 — criatividade e teste de futuros

Em MR, o cérebro entra com frequência em Zona 2:

  • a zona do possível,

  • da fruição criativa,

  • de imaginar futuros.

A hemodinâmica mais intensa é o preço cognitivo de criar realidades.

d) Mente Damasiana

O estudo confirma a ideia de que:

Consciência é o corpo situando-se em mundos —
mesmo mundos que ainda não existem.


5. Onde a ciência corrige nossas percepções

Antes poderíamos pensar:

“avaliar um protótipo é igual avaliar um objeto real.”

A evidência mostra:

  • mais conflito,

  • mais atividade pré-frontal,

  • mais carga cognitiva,

  • mais oscilação elétrica,

  • mais variabilidade hemodinâmica.

MR não é um espelho do real;
é uma ampliação do real.


6. Implicações normativas para educação, inovação e políticas LATAM

1. Inovação baseada no corpo

Avaliar produtos em MR exige considerar:

  • fadiga cognitiva,

  • carga atencional,

  • Zona 2 como catalisadora de pensamento criativo.

2. Escolas de design mais corporificadas

A avaliação de protótipos digitais deve incluir:

  • pausas fisiológicas,

  • treinos de percepção,

  • exercícios de respiração e interocepção.

3. Políticas urbanas e culturais

Cidades latinas poderão adotar MR em:

  • pré-visualização de obras públicas,

  • participação cidadã,

  • deliberação comunitária.

Mas é preciso garantir:

  • acessibilidade cognitiva,

  • proteção contra sobrecarga sensorial.

4. Neurodireitos

Se MR intensifica conflito pré-frontal, regulamentações devem:

  • evitar sobre-estímulo invasivo,

  • proteger autonomia da decisão.


7. Palavras-chave de busca científica

“mixed reality prototype evaluation EEG fNIRS GLM ICA theta prefrontal decision JOCN 2025”





#eegmicrostates #neurogliainteractions #eegmicrostates #eegnirsapplications #physiologyandbehavior #neurophilosophy #translationalneuroscience #bienestarwellnessbemestar #neuropolitics #sentienceconsciousness #metacognitionmindsetpremeditation #culturalneuroscience #agingmaturityinnocence #affectivecomputing #languageprocessing #humanking #fruición #wellbeing #neurophilosophy #neurorights #neuropolitics #neuroeconomics #neuromarketing #translationalneuroscience #religare #physiologyandbehavior #skill-implicit-learning #semiotics #encodingofwords #metacognitionmindsetpremeditation #affectivecomputing #meaning #semioticsofaction #mineraçãodedados #soberanianational #mercenáriosdamonetização
Author image

Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States