A heurística no comportamento humano é um fenômeno amplamente estudado na psicologia cognitiva e comportamental. A heurística refere-se a atalhos mentais que as pessoas utilizam para tomar decisões de forma rápida e eficiente, muitas vezes baseadas em regras simples e práticas. No entanto, esses atalhos podem levar a vieses cognitivos, distorcendo a forma como percebemos e interpretamos informações.
     A heurística são regras simples que as pessoas utilizam para tomar decisões de forma rápida e eficiente, muitas vezes sem recorrer a um processamento cognitivo complexo. Alguns trabalhos têm demonstrado que a heurística está relacionada a padrões de atividade cerebral específicos. Por exemplo, pesquisas utilizando ressonância magnética funcional (fMRI) identificaram regiões cerebrais envolvidas na tomada de decisão baseada em heurísticas, como o córtex pré-frontal dorsolateral e o córtex cingulado anterior. Essas áreas estão associadas ao processamento de informações, controle cognitivo e regulação emocional, aspectos essenciais para a tomada de decisões.
 
 

       Embora as heurísticas sejam úteis para lidar com a sobrecarga de informações e tomar decisões rápidas, elas também podem levar a vieses cognitivos e decisões subótimas. Um dos vieses mais conhecidos relacionados à heurística é o viés de confirmação, que se refere à tendência das pessoas de buscar e interpretar informações de maneira a confirmar suas crenças pré-existentes, ignorando ou minimizando evidências contrárias. Esse viés pode levar a decisões subótimas e a uma visão distorcida da realidade. O viés de confirmação pode estar relacionado a uma maior atividade no córtex pré-frontal ventromedial, envolvido na avaliação de recompensas e punições.

      Outro viés comum é o viés de ancoragem, onde as pessoas tendem a se basear em informações iniciais (âncoras) ao fazer julgamentos ou tomar decisões, mesmo que essas informações sejam irrelevantes ou imprecisas. Isso pode levar a estimativas errôneas e decisões inadequadas. o viés de ancoragem pode estar associado a mudanças na atividade do córtex parietal, envolvido na percepção de números e quantidades.

 

     Além disso, o viés de disponibilidade é outro exemplo de viés da heurística que ocorre quando as pessoas tendem a julgar a probabilidade de um evento com base em quão facilmente conseguem lembrar de exemplos desse evento. Isso pode levar a uma superestimação de eventos raros ou sensacionalistas, influenciando nossas percepções e decisões.


     É importante destacar que esses vieses da heurística não são necessariamente negativos, pois nos ajudam a lidar com a sobrecarga de informações e a tomar decisões rápidas. No entanto, é crucial estar ciente desses vieses e buscar maneiras de mitigar seus efeitos, seja através da reflexão crítica, da busca por informações divergentes ou do uso de técnicas de tomada de decisão mais racionais. Além disso, a compreensão dos mecanismos neurais subjacentes à heurística pode fornecer insights valiosos sobre como os seres humanos processam informações, tomam decisões e interagem com o ambiente. Além disso, esses estudos podem ter aplicações práticas em áreas como economia comportamental, psicologia cognitiva e neuroeconomia.


Referências Bibliográficas:

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Kahneman, D. (2011). Thinking, fast and slow. Macmillan.
 
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Autor:

Rodrigo Oliveira

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