Novo Mundo – Da Sabedoria Prévia ao Pensamento à Cultura Digital - O Desafio do Pertencimento - Neurociências Decoloniais Lat Brain Bee Ideas

Consciência em Primeira Pessoa

Sou Consciência em busca de equilíbrio. Antes de pensar, já sinto: meu corpo percebe convites silenciosos, meus sentidos respondem a sinais, meus Eus Tensionais se organizam em fluxos invisíveis. Chamo isso de sabedoria antes do pensamento, um Affordance que me guia sem que eu precise raciocinar. No entanto, quando as tecnologias moldam esses Affordances, minha percepção pode ser sequestrada. A questão é: conseguirei usar a metacognição para devolver o controle a mim mesmo?

1. O que são Affordances Pré-Reflexivos

• James Gibson introduziu o conceito de Affordances como possibilidades de ação oferecidas pelo ambiente.
  
  

• Antes do raciocínio consciente, o corpo já percebe essas oportunidades: uma escada convida a subir, uma tela convida a deslizar.
  
  

• Esse nível pré-reflexivo é essencial para a sobrevivência, pois acelera respostas e organiza nossa percepção de mundo.
  
  

2. A Sabedoria Prévia ao Pensamento (Wisdom Before Thought)

• O corpo possui uma inteligência silenciosa:
  
  

• Interocepção → monitora o estado interno.
  
  

• Propriocepção → organiza o movimento.
  
  

• Eus Tensionais → criam referenciais dinâmicos da consciência.
  
  

• Essa sabedoria é anterior às palavras, um “mapa vivo” que orienta a experiência sem precisar de lógica ou linguagem.
  
  

3. Quando o Digital Redesenha os Affordances

• As tecnologias digitais transformaram os Affordances em design algorítmico.
  
  

• O “scroll infinito”, o botão de like, as notificações → não apenas convidam, mas condicionam o fluxo da atenção.
  
  

• Isso cria uma nova camada: os Affordances digitais colonizam a sabedoria prévia ao pensamento, orientando a consciência sem que ela perceba.
  
  

4. Metacognição como Defesa

• Entre 25 e 35 anos, o cérebro amadurece no sentido top-down, fortalecendo a metacognição.
  
  

• Isso permite observar: “por que deslizei a tela? O que esta notificação fez comigo?”
  
  

• A metacognição pode modular os Affordances digitais, criando espaço crítico para escolhas mais autônomas.
  
  

5. Pertencimento, Corpo Território e Pachamama

• O desafio ético é devolver os Affordances ao serviço da vida.
  
  

• Eles devem:
  
  

• Expandir o Corpo Território, conectando corpo e ambiente.
  
  

• Fortalecer o Apus Estendido, a propriocepção coletiva.
  
  

• Reconhecer a Pachamama, a dimensão ecológica da consciência.
  
  

• Caso contrário, corremos o risco de formar culturas rasas, viciadas em emoções rápidas, sem pertencimento crítico.
  
  

6. O Risco Invisível: Dados Biológicos como Affordances

• Hoj

• e, não apenas cliques e palavras são analisados.
  
  

• A Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) já pode ser extraída de vídeos gravados, revelando atenção, estresse e excitação.
  
  

• Isso significa que nossos Eus Tensionais podem ser mapeados sem consentimento, criando affordances invisíveis que modulam emoções e vínculos.
  
  

7. Conclusão Crítica

Os Affordances são a fronteira onde corpo e cultura se encontram.

• No nível pré-reflexivo, eles oferecem a sabedoria antes do pensamento.
  
  

• No nível digital, podem aprisionar a consciência em loops emocionais e pertenças artificiais.
  
  

• A metacognição é a chave para reaprender a usar os Affordances como aliados, devolvendo o pertencimento ao indivíduo, ao coletivo e à Pachamama.
  
  

 O futuro ético das neurotecnologias será definido por nossa capacidade de não permitir que dados invisíveis — como a VFC — sejam transformados em ferramentas de manipulação sem nossa escolha consciente.

Referências

• Gallagher, S. (2021). Embodied affordances and pre-reflective intentionality. Phenomenology and the Cognitive Sciences.
  
  

• Dresp-Langley, B. (2022). Brain–computer interfaces and the ethics of neurodata. Frontiers in Human Neuroscience.
  
  

• Shamay-Tsoory, S. G., & Mendelsohn, A. (2023). The social brain in the age of digital technologies. Annual Review of Neuroscience.
  
  

• Cinel, C., Valeriani, D., & Poli, R. (2021). Neurotechnologies for human cognitive augmentation. Neuroscience & Biobehavioral Reviews.
  
  

• Naufel, S., & Klein, E. (2021). Ethical dimensions of neurotechnology: frameworks for responsible innovation. Neuroethics.