Natal Colonizado em Triplo Aspecto: Bioma, Yãy hã mĩy e Hiperespaço Mental
Natal Colonizado em Triplo Aspecto: Bioma, Yãy hã mĩy e Hiperespaço Mental
Eu quero explicar por que eu sinto que o Natal “entra” em mim antes mesmo de eu decidir qualquer coisa. Pra mim, isso é percepção colonizada: não é só consumo. É um roteiro que ocupa meu corpo, meus hábitos e minha política do viver.
Eu organizo isso no meu Triplo Aspecto (no meu sentido prático):
Política (bioma): o que é necessário para manter a vida inserida no bioma.
Espiritualidade (Yãy hã mĩy): o bebê imita, cria hábitos, crenças e fé para conseguir usar e entender palavras e outras ferramentas culturais.
Neurociência (Triplo Aspecto do Alfredo Pereira Jr + Mente Damasiana): consciência como movimento que se percebe ser no metabolismo produzido; e cada “referência” no hiperespaço mental é literalmente um ponto de orientação do meu sentir e agir.
1) O que eu chamo de “Natal colonizado”
Eu chamo de colonizado quando o Natal vira um pacote pronto de referências que eu só obedeço:
estética pronta (luz, vermelho, árvore, padrão),
emoção pronta (nostalgia, culpa, euforia),
comportamento pronto (comprar, postar, provar que pertence).
Isso cria um “atalho”: eu ajo antes de sentir de verdade.
CÉLULA → CORPO → RELAÇÃO → COMUNIDADE → ESTADO (com meu Triplo Aspecto)
CÉLULA (política do bioma começa aqui)
Política (bioma): no nível celular, a vida precisa de energia, ritmo e estabilidade.
Quando o Natal vira excesso (mais tela, mais açúcar, mais noite curta, mais estresse), eu sinto que ele me tira do bioma interno básico: sono, fome real, quietude.
Resultado: meu corpo fica mais fácil de ser conduzido por estímulos.
Neuro: isso conversa com a ideia de que o cérebro trabalha por previsões e associações. Se eu repito estímulos, eu automatizo respostas.
Espiritualidade (Yãy hã mĩy): aqui eu lembro que a minha “espiritualidade” começa no aprendizado do bebê: eu imito, entro em ritmo, repito, e isso me dá pertencimento.
CORPO (Mente Damasiana e Consciência como movimento)
Neuro (Mente Damasiana): eu entendo mente como corpo sentindo o corpo (interocepção + propriocepção).
Minha definição de Consciência: eu sou um movimento (interno e externo) que se percebe ser dentro do metabolismo produzido.
Então, quando o Natal colonizado chega, ele não me dá só “ideias”. Ele muda meu corpo. Ele muda meu modo de movimento.
Hiperespaço mental: cada palavra, símbolo e ritual do Natal vira uma referência nesse hiperespaço. E referência, pra mim, é como “um ponto fixo” que orienta meu sentir e meu agir.
Quando as referências são impostas e repetidas, eu perco liberdade interna: eu passo a me mover por trilhos.
RELAÇÃO (onde o Yãy hã mĩy fica mais forte)
Espiritualidade (Yãy hã mĩy, origem Maxakali): o termo “Yãy hã mĩy” vem do povo Maxakali; no sentido original, envolve imitar/ser o animal antes da caça. No meu uso estendido, eu uso isso para falar do bebê e do humano que aprende por imitação: eu imito gestos, tons, hábitos; depois imito crenças; depois imito fé (como mecanismo de sustentar ação), até eu conseguir usar palavras e ferramentas culturais.
No Natal, eu vejo isso acontecer em massa:
eu imito o “clima”,
imito o “jeito certo” de comemorar,
imito o “sentimento certo”,
imito a “família certa”.
Risco: eu confundir pertencimento com obediência.
COMUNIDADE (política real começa a aparecer)
Política (bioma social): comunidade deveria proteger vida. Mas o Natal colonizado muitas vezes organiza a comunidade para produzir consumo, não para produzir cuidado.
Quando isso acontece, o bioma social adoece: mais dívida, mais comparação, mais exclusão, mais ansiedade.
Neuro: mais tensão, menos fruição.
Espiritualidade: mais ritual como vitrine, menos ritual como corpo e presença.
ESTADO (o teste final: vida no bioma ou máquina de consumo?)
Pra mim, a política correta do Natal (num Estado laico) não é “proibir Natal” nem “impor Natal”. É outra pergunta:
O que mantém a vida inserida no bioma, do celular ao adulto?
Se uma data organiza:
sono pior,
alimentação pior,
relações piores,
endividamento,
e culto à imagem,
então ela virou uma tecnologia social que coloniza a percepção.
Contra-argumento que eu aceito: “o comércio gera trabalho”.
Sim. Mas eu não quero trabalho gerado por adoecer a atenção coletiva. Eu quero um Natal onde a economia não dependa de sequestrar o corpo.
Minha conclusão (bem direta)
Eu percebo que o Natal colonizado funciona como um implantador de referências no meu hiperespaço mental.
Essas referências guiam meu movimento (minha consciência) antes de eu sentir meu corpo com liberdade.
E eu só descolonizo quando eu volto ao básico:
corpo primeiro (Mente Damasiana),
imitação consciente (Yãy hã mĩy estendido),
política do bioma (vida sustentada, não vitrine).
Pergunta Brain Bee (pra eu testar cientificamente)
Como eu mediria “colonização de referências” no hiperespaço mental durante o Natal — e como eu veria o corpo voltar a ser o guia (Mente Damasiana) em vez do roteiro cultural?
Aqui estão referências pós-2020 que dão sustentação (cada uma em 1 linha) aos pontos do Blog 1 — corpo/consciência como referência no “hiperespaço mental”, imitação/ritual (seu Yãy hã mĩy estendido) e “política do bioma” (vida = regulação metabólica + pertencimento real):
Neurocientíficas (corpo → consciência / referências internas)
Damasio, A. (2021). Feeling & Knowing: Making Minds Conscious (livro). Consolida a ideia de que consciência nasce ancorada em sentimentos/homeostase e no corpo como base do “ser vivo que sente”. (Google Books)
Berntson, G. & Khalsa, S. (2021). “Neural Circuits of Interoception” (Trends in Cognitive Sciences). Mapeia circuitos de interocepção (sinais internos) e como eles regulam comportamento/cognição/emoção — base para “corpo guiando a mente”. ( PMC)
Allen, M. et al. (2020). “Unravelling the Neurobiology of Interoceptive Inference” (Trends in Cognitive Sciences). Ajuda a explicar “percepção como previsão + correção por erro”, incluindo sinais corporais (bom para sua ideia de “referências” que orientam ação). (ScienceDirect)
Triplo Aspecto (Alfredo Pereira Jr.) e a ponte com sua linguagem
Pereira Jr., A. (2023). texto/ensaio acadêmico em periódico brasileiro (SciELO/Trans/Form/Ação) discutindo monismo de triplo aspecto e referências do autor. Útil para ancorar o seu uso do Triplo Aspecto como moldura filosófica/científica (mesmo quando você aplica de modo “operacional” no blog). (SciELO)
Pereira Jr., A. (2022). Capítulo: “Conscious Experience in Triple-Aspect Monism…” (circula como capítulo/versão acadêmica). Dá linguagem direta para “três aspectos (matéria/informação/sentir)” e como isso conversa com consciência. (ResearchGate)
Espiritualidade como aprendizado (imitação, ritual, crença) — sem dogma
McMyler, B. (2022). “Towards an epistemology of cultural learning” (Philosophy and Phenomenological Research). Fundamenta a ideia de que crianças “absorvem” cultura cedo por aprendizagem social — bom para seu eixo bebê→hábitos→ferramentas culturais. (Wiley Online Library)
Ishikawa, M. et al. (2024). “The development of social learning…” (Frontiers in Psychology). Revisa como pistas sociais e pertencimento moldam o que o bebê/criança aprende — encaixa com seu Yãy hã mĩy estendido (imitação gerando hábitos e crenças). (Frontiers)
Seitz, R. et al. (2022). “Believing and social interactions: effects on bodily…” (Frontiers in Behavioral Neuroscience). Conecta crença/ritual/interação social a efeitos corporais e estabilidade de comportamento — útil para “fé como mecanismo de sustentação do agir” (no seu uso). (Frontiers)
“Colonização de referências” via vitrine social (comparação/validação)
Popat, A. & Tarrant, C. (2022). revisão em PubMed Central sobre adolescentes, redes sociais e saúde mental. Mostra mecanismos como validação, comparação, pressão de conexão — exatamente o “roteiro que ocupa” atenção e afeto. ( PMC)
Ni, J. et al. (2024). “Social bonding… increases… information exchange and prefrontal neural synchronization” (PLOS Biology). Evidência de que vínculo social altera dinâmica neural (sincronia PFC) — bom para sua camada RELAÇÃO→COMUNIDADE (pertencimento real vs vitrine). (PLOS)