EEG ERP Metacognição, Crítica e Reescrita de Narrativas (25–35 anos) - SBNeC SfN 2024 Lat Brain Bee
EEG ERP Metacognição, Crítica e Reescrita de Narrativas (25–35 anos) - SBNeC SfN 2024 Lat Brain Bee
Consciência em Primeira Pessoa
Sou Consciência que amadurece. Antes, era levado por emoções e desejos como correnteza sem controle. Agora, entre os 25 e 35 anos, descubro que posso parar, refletir e me perguntar: “Por que sinto isso? Por que escolho assim?” Sou metacognição — a capacidade de pensar sobre meu próprio pensar, de reescrever minhas próprias narrativas. Ainda não sou total segurança, mas já não sou arrastado; começo a remar.
1. O que é Metacognição?
É a capacidade de observar e avaliar o próprio pensamento, sentimento e ação.
Desenvolve-se progressivamente, alcançando maturidade entre 25 e 35 anos, quando o córtex pré-frontal atinge plena consolidação.
Permite identificar quando estamos sendo levados por emoções rápidas e escolher respostas mais críticas e conscientes.
2. O Papel da Maturação Top-Down
A maturação cortical segue trajetória de baixo para cima e de trás para frente (bottom-up → top-down).
Até os 25 anos: predomínio de reações emocionais rápidas (amígdala + ERP).
Entre 25–35 anos: fortalecimento da regulação pré-frontal, permitindo revisão de memórias e narrativas.
Isso abre espaço para questionamento interno, não apenas reação.
3. Emoções como Portas para Sentimentos
Emoções bioelétricas são breves, mas geram sentimentos quando metabolizadas.
Risco: se cristalizados sem crítica, podem virar ótimos locais de rigidez, memórias aversivas ou Anergia (quando o cérebro não consegue transformar emoção em expressão saudável).
Oportunidade: a metacognição permite sentir todas as emoções, sem ficar preso a uma só, construindo narrativas flexíveis.
4. Reescrevendo Narrativas
A partir da metacognição, memórias podem ser revisitadas e reinterpretadas.
Isso não apaga o passado, mas permite transformar o significado atribuído a eventos.
Exemplo prático: um fracasso escolar visto como “incapacidade” na adolescência pode ser reinterpretado como “aprendizado” na vida adulta.
Essa reescrita depende de Zona 2, que sustenta contemplação crítica.
5. Neurociência da Metacognição
EEG-DC e microestados: mostram maior estabilidade pré-frontal em estados reflexivos.
Íons Ca²⁺ e sincronismo neural: permitem reorganização de redes entre pré-frontal, hipocampo e ínsula.
Neuroquímica: serotonina e ocitocina sustentam estabilidade, enquanto dopamina garante motivação para novas narrativas.
6. Quadro Transversal – Antes e Depois da Metacognição
Faixa etária | Dinâmica dominante | Risco | Potencial crítico |
Até 25 anos | Emoções rápidas + narrativas frágeis | Identidades sequestradas por algoritmos | Criatividade espontânea |
25–35 anos | Maturação pré-frontal + metacognição | Risco de rigidez se sem crítica | Capacidade de reescrever narrativas |
Após 35 anos | Narrativas estáveis | Anergia ou fixação em aversivas | Estabilidade crítica e segurança |
7. Conclusão crítica
Entre os 25 e 35 anos, o cérebro vive momento único:
Já não é arrastado por emoções rápidas.
Ainda não se cristalizou em rigidez plena.
Está no auge da metacognição, capaz de revisar e reescrever narrativas.
É nesse período que se consolida a responsabilidade pelo consumo de informações, emoções e psicoativos.
Se cultivada em Zona 2, a metacognição abre espaço para uma consciência crítica, flexível e capaz de resistir às narrativas impostas.
Reescrever histórias pessoais não é negar quem fomos, mas escolher quem queremos ser.
Referências
Fleming, S. M., & Frith, C. D. (2020). Metacognition and cognitive control. Trends in Cognitive Sciences.
Rouault, M., et al. (2021). Neurocomputational models of metacognition. Nature Reviews Neuroscience.
Baird, B., et al. (2021). Prefrontal contributions to metacognitive awareness. NeuroImage.
Morales, J., et al. (2022). Development of metacognitive monitoring across adulthood. Journal of Cognitive Neuroscience.
Vaccaro, A. G., et al. (2023). Metacognition and narrative identity in brain maturation. Cognitive Neuroscience.