Jackson Cionek
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EEG ERP Memória, Emoção e Formação de Narrativas - SBNeC Lat Brain Bee SfN 2025

EEG ERP Memória, Emoção e Formação de Narrativas - SBNeC Lat Brain Bee SfN 2025

Consciência em Primeira Pessoa

Sou Consciência que lembra e conta. Minhas memórias não são apenas arquivos armazenados: são emoções que se tornaram sentimentos, sentimentos que se organizaram em narrativas. Cada vez que recordo, não revivo exatamente o passado — reconstruo, resignifico, reescrevo. Sou história viva, campo elétrico sustentado por química e por pertencimento.


1. Como emoções viram memórias

  • Emoções rápidas (50–900 ms) registradas nos ERPs ativam o sistema límbico, especialmente a amígdala.

  • Quando acompanhadas de atenção e relevância, essas emoções são consolidadas no hipocampo como memórias episódicas.

  • Emoções fortes funcionam como “âncoras” da recordação, aumentando a chance de memórias duradouras.


2. Do sentimento à narrativa

  • Em estados extra-largos (>900 ms, EEG-DC), sentimentos se estendem no tempo e se ligam a memórias anteriores.

  • A repetição desse processo constrói narrativas pessoais, que organizam a identidade e o pertencimento.

  • Exemplo prático: um adolescente pode transformar a emoção rápida de uma vitória em game em narrativa de identidade — “sou gamer, sou competitivo”.


3. O papel da neuroquímica na consolidação

  • Dopamina: sinaliza surpresa e recompensa → aumenta a probabilidade de consolidar a memória.

  • Cortisol: alto estresse pode gravar memórias fortes, mas também gerar distorções (memórias aversivas).

  • Serotonina e ocitocina: modulam integração de longo prazo, permitindo que memórias emocionais virem sentimentos estáveis.

  • Resultado: o balanço químico define se uma memória será construtiva (flexível) ou rígida (aversiva/anérgica).


4. Narrativas e cultura digital

  • Redes sociais e games exploram a formação de narrativas:

    • Emoções rápidas → memórias episódicas curtas (scroll, posts, likes).

    • Ciclos prolongados de engajamento (72h) → sentimentos e narrativas cristalizadas (identidade digital).

  • Risco: cultura rasa, em que a identidade se ancora em fortes emoções sem aprofundamento atencional.


5. Quadro Comparativo – Da Emoção à Narrativa

Etapa

Base cerebral/psicológica

Exemplo em redes/games

Emoção rápida

Amígdala, ERP (50–900 ms)

Like inesperado, susto em game

Memória episódica

Hipocampo + dopamina

Registrar a vitória em partida

Sentimento

EEG-DC + serotonina/oxitocina

Sensação de pertencimento em clã

Narrativa

Conectomas integrados (Papel–Tesoura–Pedra)

“Eu sou gamer”, “eu sou influencer”


6. Consequências no desenvolvimento cerebral

  • Antes dos 25 anos: narrativas são mais frágeis e podem ser facilmente sequestradas por emoções rápidas.

  • Entre 25 e 35 anos: metacognição amadurece → é possível questionar narrativas próprias e reorganizar memórias.

  • Após 35 anos: maior estabilidade permite narrativas críticas, mas também risco de rigidez se baseadas em Anergia (quando a emoção não é metabolizada em expressão).


7. Conclusão crítica

A memória não é arquivo estático: é processo dinâmico de construção narrativa.

  • Emoções rápidas → sementes da lembrança.

  • Sentimentos prolongados → raízes de identidade.

  • Narrativas → troncos culturais que sustentam pertencimento.

Mas quando redes e games manipulam esses ciclos, nossas narrativas podem ser moldadas de fora, produzindo identidades frágeis e dependentes.
Educar adolescentes para reconhecer como emoções viram narrativas é dar a eles poder de reescrever sua própria história em vez de seguir roteiros impostos por algoritmos.


Referências

  • Hermans, E. J., et al. (2020). Emotion and memory interactions in the human brain. Nature Reviews Neuroscience.

  • Richter-Levin, G., & Akirav, I. (2021). The amygdala-hippocampus dynamic in emotional memory. Progress in Neurobiology.

  • Gilboa, A., et al. (2021). Narrative construction in memory: neural and psychological perspectives. Trends in Cognitive Sciences.

  • Moscovitch, M., et al. (2022). Consolidation and transformation of episodic memory. Annual Review of Psychology.

  • Neshat-Doost, H. T., et al. (2023). Emotion-driven memory biases in digital environments. Cognitive Neuroscience.



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Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States