Jackson Cionek
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DREX Cidadão Municipal O rendimento do Estado devolvido ao Cidadão JIWASA

DREX Cidadão Municipal
O rendimento do Estado devolvido ao Cidadão JIWASA


Consciência em Primeira Pessoa – Brain Bee

(variáveis: interocepção, propriocepção, pertencimento, atenção, narrativa de si)

Eu já fui só um ovo.

Nenhum salário, nenhum boleto, nenhuma dívida. Só um metabolismo garantido: nutrientes chegando, resíduos saindo, batimentos ritmados. Minha primeira experiência de “economia” não tinha moeda; tinha fluxo contínuo de energia. Ali já estavam ativas as variáveis da minha Consciência Brain Bee:

  • Interocepção – meu cérebro embrionário sentindo calor, fome, saciedade, ritmo.

  • Propriocepção em potência – o corpo se diferenciando, preparando movimento.

  • Pertencimento afetivo – eu existia porque outro corpo me incluía no seu metabolismo.

Quando nasci, continuei dentro dessa lógica:
se eu chorava, vinha colo; se eu tinha fome, vinha alimento; se eu sentia frio, vinha coberta.
Eu não “merecia” nem “desmerecia” nada – eu existia, logo o meu metabolismo básico era responsabilidade de alguém.

Crescendo, fui introduzido ao mundo do dinheiro como se ele fosse uma “lei natural”:

  • “se você se comportar, ganha”;

  • “se estudar, vai ganhar bem”;

  • “quem se esforça enriquece”.

Na escola, quase ninguém me explicou como o Estado arrecada, gasta, distribui.
Na adolescência, o smartphone completou a obra:
meu feed fala de “ficar rico”, “empreender”, “day trade”, “cripto”, “hustle”.
Atenção e ansiedade viraram uma dupla constante.

Minha interocepção sente o aperto no peito ao pensar em contas, futuro, emprego.
Minha narrativa de si é colonizada pelo medo da escassez:
“se eu não der certo, vou afundar”.
Os algoritmos me vendem uma fé cega na salvação individual pelo dinheiro,
enquanto minha cidade segue com buracos, falta de saneamento e desigualdade.

Quando revisito esse devir – do ovo com metabolismo garantido ao adolescente numa economia da falta – eu percebo a incoerência:

Meu corpo aprendeu que a base da vida é fluxo estável de energia.
A sociedade me ensina que a base da vida é lutar por migalhas num sistema feito para poucos.

É nesse conflito que entra a ideia de DREX Cidadão Municipal:
usar uma tecnologia de moeda digital para reconstruir o metabolismo financeiro do município, devolvendo ao Cidadão JIWASA uma parte do rendimento do Estado, não como esmola, mas como direito metabólico de quem é dono do corpo social.


Dinheiro, cérebro e rendimento estável

A neurociência e a economia têm mostrado, pós-2020, algo que o meu corpo sempre soube:
incerteza crônica de renda adoece a mente.

Estudos com transferências de renda incondicionais e programas de renda básica em vários países mostram reduções consistentes em estresse financeiro, depressão e ansiedade, além de melhor alimentação, sono e clima familiar.
Quando uma família sabe que todo mês entra um valor garantido, o cérebro sai do modo sobrevivência e consegue planejar, cuidar da saúde, investir nos filhos.

No Brasil, temos um grande laboratório real: o Bolsa Família.
As avaliações acumuladas mostram que o programa:

  • reduziu significativamente mortalidade infantil, hospitalizações evitáveis e mortes entre os mais pobres;

  • melhorou indicadores nutricionais e acesso a serviços de saúde;

  • aumentou frequência escolar e, em vários estudos, progressão de série, especialmente entre meninas;

  • custou em torno de 0,5% do PIB, com enorme retorno em saúde e educação.

Ou seja: uma injeção relativamente pequena de rendimento estável na base da sociedade produz efeitos metabólicos massivos no corpo social – menos doença, mais estudo, mais atividade econômica local.

Do ponto de vista da Mente Damasiana:

  • a interocepção se acalma (menos medo constante de faltar comida);

  • a atenção sai do estado de alerta permanente (Zona 3) e pode sustentar foco e fruição (Zona 2);

  • a narrativa de si muda de “sou um peso” para “sou parte de um projeto”.

O problema é que esses programas são quase sempre narrados como “gasto”, “custo”, “assistencialismo” – nunca como rendimento legítimo do Estado devolvido ao cidadão que o sustenta.


DREX: infraestrutura para um metabolismo mais justo

O Brasil está na ponta da inovação com o Drex, a moeda digital do Banco Central (CBDC).
O próprio BC declara que o Drex busca:

  • modernizar o sistema de pagamentos,

  • reduzir custos operacionais (papel-moeda, transporte, intermediação),

  • ampliar a inclusão financeira, especialmente para quem hoje é mal atendido,

  • permitir novos serviços financeiros inteligentes e programáveis.

Em termos técnicos, o Drex é uma infraestrutura:
é como vascularizar melhor o corpo financeiro do país, tornando transações mais rápidas, baratas e seguras.

Mas infraestrutura é corpo sem alma.
A pergunta política é: qual metabolismo queremos rodar em cima dessa infraestrutura?

É aqui que entra o conceito de DREX Cidadão Municipal:

  • usar a plataforma Drex para criar uma conta-cidadã JIWASA para cada morador do município;

  • definir em lei que uma fração fixa e transparente do rendimento líquido do município (impostos, taxas, royalties, créditos de carbono, ajustes de Lixo Zero etc.) será distribuída em micro-depósitos diários ou semanais, diretamente nessas carteiras;

  • tratar esse fluxo não como “renda mínima”, mas como rendimento metabólico do Estado, devolvido a quem constitui esse Estado.

Do ponto de vista do corpo:

Assim como todas as células recebem oxigênio e glicose diariamente,
todos os cidadãos deveriam receber uma base mínima de energia econômica
para poder dizer “não” a explorações abusivas e “sim” à participação crítica.


A Constituição de 1988 como DNA do DREX Cidadão

Se olhamos para a Constituição de 1988 com a lente JIWASA e metabólica, vemos que ela já autorizou esse tipo de desenho, mesmo sem conhecer o Drex:

  • O Preâmbulo fala em bem-estar, desenvolvimento, igualdade e justiça em sociedade fraterna, plural e sem preconceitos.

  • O art. 1º afirma a cidadania e a dignidade da pessoa humana como fundamentos, e diz que todo poder emana do povo.

  • O art. 3º estabelece como objetivos fundamentais: construir sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e reduzir desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos sem discriminação.

O art. 6º lista direitos sociais (educação, saúde, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados). Esses direitos não se realizam sem fluxo de recursos até a base da sociedade.

O art. 7º fala em salário mínimo capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família, reforçando a ideia de um piso material de dignidade.

Os arts. 29 e 30 garantem autonomia municipal e competência para organizar serviços públicos de interesse local, incluindo tributação, orçamento e políticas de desenvolvimento.

O art. 182 define a política de desenvolvimento urbano como responsável por ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar dos habitantes, com o plano diretor como instrumento básico.

Lidos juntos, esses dispositivos desenham o seguinte cenário:

  • o município é um núcleo de metabolismo social com autonomia para organizar seus fluxos;

  • o objetivo constitucional explícito é reduzir desigualdades, garantir bem-estar, realizar direitos sociais;

  • não há nada que proíba, e muito que legitima, que parte do rendimento do Estado seja devolvido diretamente ao cidadão em forma de fluxo estável, se isso for desenhado com transparência, responsabilidade fiscal e foco em justiça social.

O DREX Cidadão Municipal, então, não é uma excentricidade:
é uma forma contemporânea de aplicar o DNA de 1988 com as ferramentas tecnológicas de 2025+.


O que um vereador JIWASA poderia propor?

Um vereador JIWASA, que se entende como neurônio do metabolismo municipal, poderia:

  1. Criar a Lei do DREX Cidadão Municipal

    • Definindo que X% do resultado fiscal positivo (ou de receitas específicas: royalties, créditos de carbono, receitas de Lixo Zero, concessões etc.) será reservado para o DREX Cidadão.

    • Estabelecendo critérios de elegibilidade simples (residência comprovada, CPF), sem humilhação burocrática.

  2. Instituir a conta-cidadã JIWASA em Drex

    • Cada morador teria uma carteira Drex vinculada ao seu CPF e ao cadastro municipal.

    • Os depósitos seriam programáveis e rastreáveis, aumentando transparência e reduzindo desvio.

  3. Blindar o programa contra uso eleitoreiro

    • Proibir, em lei, qualquer alteração de valores em ano eleitoral sem análise técnica independente.

    • Vincular o DREX Cidadão a metas de longo prazo (Plano Diretor, Plano Plurianual), conectando-o à Memória do Futuro da cidade.

  4. Integrar DREX Cidadão com Lixo Zero e Créditos de Carbono

    • Parte dos ganhos com economia de aterros, reciclagem e créditos de carbono poderia alimentar diretamente o DREX Cidadão.

    • O cidadão perceberia, no próprio extrato, que cuidar do território aumenta o rendimento do Estado que volta para ele.

  5. Criar um Conselho Cidadão de Metabolismo Social

    • Com participação de jovens, trabalhadores, catadores, povos tradicionais urbanos, pesquisadores.

    • Função: acompanhar regras do DREX Cidadão, critérios de distribuição e impactos reais na cidade.


Fechamento: rendimento do Estado, não esmola

Voltando à minha Consciência em Primeira Pessoa Brain Bee:

  • no ovo, meu metabolismo era garantido sem meritocracia;

  • bebê, eu recebia cuidado e alimento como condição de existir;

  • adolescente, fui jogado numa narrativa de que, se eu não competir até a exaustão, sou descartável.

Os 01s que vivem do Estado capturaram parte do orçamento, dos contratos, das regulações.
Vivem de Estado, enquanto me convencem de que qualquer fluxo direto para mim é “esmola” ou “populismo”.

O DREX Cidadão Municipal propõe o inverso:

O Estado reconhece que o cidadão é a unidade básica do corpo social,
proprietário e formador desse Estado.
Logo, uma parcela do rendimento do Estado deve voltar, de forma clara e estável,
como energia metabólica de cidadania, não como favor.

Do ponto de vista da mente e do corpo, isso não é luxo; é inteligência:

  • reduz estresse tóxico,

  • melhora saúde e educação,

  • fortalece a economia local,

  • amplia a capacidade das pessoas de participar criticamente da democracia.

Do ponto de vista JIWASA, é o passo seguinte lógico:
se o Drex vai modernizar o sistema financeiro, que ele sirva a um Estado JIWASA responsável,
e não apenas a uma nova rodada de especulação.

Como cidadão, meu papel é deixar de pedir “ajuda” e começar a exigir rendimento:
exigir vereadores que pensem a cidade como organismo e o orçamento como sangue,
e não como butim.

Quando eu entendo isso, minha fé deixa de ser cega nas promessas de enriquecimento individual
e passa a ser fé com evidência em algo mais radical:

dinheiro voltando a ser energia vital distribuída pelo corpo social,
para que cada um possa existir, pensar, discordar e criar
dentro de um Estado que finalmente sente, e não apenas arrecada.


Publicações pós 2020:


Banco Central do Brasil (2023–2025).
Documentos técnicos e FAQs sobre o Drex (Real Digital).
– Conjunto de notas técnicas e materiais institucionais explicando objetivos, arquitetura, casos de uso e fase piloto do Drex como moeda digital de banco central no Brasil.

Tigre, P.; Paula, L. F. (2025).
Central Bank Digital Currencies and the Drex in Brazil. IE/UFRJ, Discussion Paper TD 002/2025.
– Análise acadêmica do Drex dentro do contexto das CBDCs, discutindo riscos, oportunidades e impactos macroeconômicos.

Carvalho Neto, F. J.; Wendt, V. P. C. (2025).
Drex – (Des)necessidade de uma moeda brasileira oficial em formato digital. Revista Direito & TI.
– Artigo jurídico-econômico discutindo a necessidade, fundamentos legais e implicações da adoção do Drex.

BIS – Bank for International Settlements (2025).
Leveraging tokenisation for payments and financial markets. Other Papers 92.
– Documento do BIS que discute CBDCs e tokenização, com menções ao Drex e à integração de infraestruturas digitais em economias emergentes.

IMF – International Monetary Fund (2025).
Can Central Bank Digital Currencies Improve the Delivery of Social Assistance? Working Paper.
– Analisa como CBDCs podem tornar transferências sociais mais eficientes, transparentes e direcionadas, dialogando diretamente com a ideia de DREX Cidadão.

Cavalcanti, D. M. et al. (2025).
Health effects of the Brazilian Conditional Cash Transfer programme over 20 years and projections to 2030. The Lancet Public Health.
– Mostra que o Bolsa Família evitou centenas de milhares de mortes e milhões de internações, fundamentando a ideia de rendimento estável como “metabolismo social”.

Magalhães, J. et al. (2024).
Health, economic and social impacts of the Brazilian cash transfer program on the lives of its beneficiaries: a scoping review. BMC Public Health.
– Revisão de evidências sobre impactos do Bolsa Família em saúde, educação e condições socioeconômicas.

Fassarella, E. et al. (2024).
Social mobility and conditional cash transfer programs: The Bolsa Família case. Social Science & Medicine – Population Health.
– Discute como o Bolsa Família se relaciona com mobilidade social e redução de desigualdades intergeracionais.

Crosta, T. et al. (2024).
Unconditional Cash Transfers: A Bayesian Meta-Analysis of 72 Programs. Working paper.
– Meta-análise de 72 programas de transferências incondicionais de renda, sintetizando efeitos em saúde, educação, trabalho e bem-estar.

Magnuson, K. A. et al. (2025).
Effects of unconditional cash transfers on family processes that shape child development. Nature Communications.
– Mostra como transferências de renda afetam processos familiares (estresse, tempo, investimento) ligados ao desenvolvimento infantil.

Kovski, N. et al. (2023).
Unconditional cash transfers and mental health symptoms among families in poverty.
– Evidência de que renda estável reduz sintomas de ansiedade e depressão em famílias de baixa renda.

World Bank (2024).
Cash Transfer Size: How Much Is Enough?
– Relatório que discute o tamanho ideal de transferências de renda para produzir efeitos significativos em pobreza, consumo, saúde e investimento em capital humano.



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Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States