Você sabe o que é Eye Tracking?

O rastreamento do movimento ocular (do inglês ‘Eye tracking’) é uma técnica não invasiva e de fácil utilização onde é possível coletar dados em contextos empíricos e reais acerca da perceção, cognição e comportamento humano. Assim como você já deve ter percebido, o próprio nome já fala o que significa: o eye tracking determina aspectos diretamente relacionados à percepção visual, de forma que analisa os locais de foco visual que são relevantes para construção do que vemos como cena visual.


A medida de Eye Tracking ocular é importante, principalmente em humanos, porque permite verificar de forma empírica qual o padrão de exploração visual de cada indivíduo em diferentes situações da vida. Nós humanos não somos capazes de ter diversos focos no campo visual, conforme você pode observar na figura abaixo (Fig. 1).


Figura 1 - Ilustrações mostrando os diferentes focos visuais. Escolha um ponto de luz abaixo da seta em amarelo da figura 1a, note que agora você não consegue contar quantos pontos de luz existem do outro lado da imagem (você só vê um borrão, enquanto o ponto de luz que você está olhando está totalmente focado e com boa resolução). Agora experimente fazer o contrário: fixe seu olhar na luz abaixo da seta em amarelo da figura 1b. Você claramente observou que, mesmo sabendo que do outro lado existem três luzes em um poste, não é possível fazer uma distinção clara.

O mais curioso disto é que os pontos focais da cena visual são justamente os mesmos pontos na retina que processam a porção mais focada ou não. Na retina existe um ponto conhecido como fóvea, que processa exatamente o local que estamos focando. Como você pode deduzir, quando movimentamos o olho para entender o mundo, isto é o mesmo que falar que movimentamos o olho para direcionar a fóvea em direção a vários pontos no espaço. Na imagem abaixo você pode observar este fenômeno (Figura 2).

Figura 2 - Imagem ilustrativa da congruência entre a cena visual e a área em que a imagem toca na retina.

No entanto, o modo pelo qual eu exploro o mundo (movimento meu centro focal) é completamente diferente do seu. Assim como este padrão é diferenciado em pessoas com certas patologias ou condições emocionais. Esta é a principal aplicabilidade do eye tracking: identificar os padrões de movimentação ocular em diferentes contextos ambientais e/ou emocionais, para que, a partir disso, seja possível predizer o comportamento e cognição. Mas, como funciona o sistema que capta os movimentos oculares e quais são os dados que este sistema nos retorna?


A grande maioria dos eye trackers atuais mede o rastreio ocular a partir da reflexão da luz infravermelha na córnea, oriunda de um aparelho emissor de luz infravermelho próxima (Figura 3A). A deflexão, ou movimentação do olho, redireciona a córnea e altera o padrão de reflexão da luz infravermelha próxima, o que permite a identificação dos pontos de fixação [1] (Figura 3B).


Figura 3 -  Ilustração do funcionamento básico de um eye tracker (A) e os padrões de refexão da luz infravermelha na córnea em diferente direcionamentos do olhar (B).


Os principais dados numéricos que um sistema de Eye Tracking nos retorna são os seguintes: sacadas, pontos de fixação, tempo de fixação e micro sacadas. As sacadas são os movimentos que os olhos fazem entre dois pontos focais, enquanto os pontos de fixação são justamente estes pontos focais. O tempo de fixação é a quantidade de tempo (geralmente em segundos) que o indivíduo manteve o olhar direcionado e focado em um ponto focal, e as micro sacadas são pequenos movimentos dentro de um ponto de fixação [2], conforme pode ser observado na figura 4.


Figura 4 - Gráfico base do rastreio de eye tracking. As linhas são referentes as sacadas, enquanto os pontos em verde são os pontos de fixação. O tempo de fixação é mostrado através do tamanho dos pontos de fixação.

Atualmente existem diversos tipos principais de Eye Trackers para uma ampla gama de aplicações neurocientíficas. As aplicações científicas podem ser com aparelhos mais robustos para medição da exploração ocular em laboratório, em um ambiente controlado (Figura 5, ABD), bem como com sistemas totalmente portáteis com possibilidade de aplicações em ambientes naturalísticos e reais, conforme pode ser observado na Figura 5C. Se você tem interesse em Eye Tracking, Neurociência e Comportamento, entre em contato conosco.





Figura 5 - Diferentes sistemas de Eye Tracking para diferentes aplicações.


Veja nosso material complementar.



Referências

[1] - Duchowski, A. T. (2007). Eye tracking methodology. Theory and practice, 328, 614.

[2] - Holmqvist, K., Nyström, M., Andersson, R., Dewhurst, R., Jarodzka, H., & Van de Weijer, J. (2011). Eye tracking: A comprehensive guide to methods and measures. OUP Oxford.

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Autor: Lucas Galdino Bandeira dos Santos
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